25.8.11

The Caretaker-An Empty Bliss Beyond This World

 

The Caretake

 

 

Álbum: An Empty Bliss Beyond This World (2011)

Há qualquer coisa se substancial numa canção capaz consumir o ser humano, como talvez, nenhuma arte possuí. Falo da forma como ela adentra – como um antídoto- que percorre nossas veias e atinge as mais distantes extremidades do cérebro. Esse via imaginária é um dos grandes mistérios dessa arte. Como, de qual forma, sua moléculas nos afeta de uma tal maneira física que nos transporta – metafisicamente – há lugares, sensações, percepções inimagináveis?

Foi pensando nessas questões e em outros cavidades que Leyland James Kirby nos apresenta “An Empty Bliss Beyond This World” do seu projeto conceitual de estudo sonoros  The Caretake.

Para sondar as possibilidades sonoros que vão muito mais além de compor uma canção e combinar acordes, Kirby se armou com referencias fantasmagóricas como o filme “O Iluminado” do mestre Stanley Kubrik. Um estudo sobre os nostálgicos disco de 78 rotações ou 78 rpm (grande febre nos anos 20) aproveitando as variações de ruídos e ambiente que esses artefatos possuem para criar texturas que remetem às mais longínquas nostalgias.

Outro ponto relevante sobre a construção do disco, é o estudo apontando a música como fator de retardamento do mal de Alzheimer. Servindo portanto para o tratamento dos pacientes. Vale ressaltar que foi comprovado que a mesma região do cérebro associada a música é a mesma região associada às memorias, numa espécie de ponte ou avenidas onde transitam ambas.

An Empty Bliss Beyond This World é um delirante percurso associado as mais profundas percepções de espaço, onde as lembranças se recriam se deixarmos as amarras do presente de lado. Um disco de caráter denso, pequenos atos melancólicos, não há silêncio há o incomodamento movido a uma inerte acomodação perturbadoramente atemporal. Fantasmal também pode ser ele sentido.

A sensação é de uma intimidade delicada entre música e memória, entre o momento e o movimento (ou ausência) ao redor. Pequenos timbres jazz, resquícios de pianos e sintetizadores, onde é aproveitado não apenas a construção tonal ou melódica ou estrutural do som e sim seus subtextos, suas imaterialidades, a metafisica que dá a ela (música) uma condição de ser muito mais que uma arte, uma concepção de existência profundamente divina. Uma obra de múltiplas textualizações e no melhor conceito possível, uma obra de arte de Leyland James Kirby.

Para ouvidos entorpecidos por: Memórias atemporais, discos de vinil, descampados, lugares silenciosos, sorrir ou chorar sozinho e música pra alma.

 

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