2.2.12

Sarah Jarosz - Follow Me Down (2011)

Há disco que traduzem um momento - como um poeta declamando um poema com a precisão que sua realidade sublime que o revelou - e tornam-se apaixonadamente parte de uma história que se faz no próprio presente do ouvir...

 

Sarah Jarosz

 

Disco- Follow Me Down (2011)

 

 “Follow me down, through the cotton fields"

O segundo percurso da texana Sarah Jarosz é uma pérola que merece ser ouvida e revivida e ficar ali – na cabeceria da cama, perto da janela, dialogando com o vento e os acontecimentos que o tempo traz.

A jovem lançou seu debut em 2009 - Song Up in Her Head – recebendo uma boa recepção e para o lançamento de Follow Me Down a multi-instrumentista enriqueceu a produção e destilou peças organicas ensolaradas em meio ao seu vocal miticamente crepuscular.

A voz, é um estudo a parte nesse trabalho: Sarah acrescenta longos períodos e prolongamentos mágicos, como na beleza irretocavel de “Here Nor There”. “My Muse” é outro grande destaque do trabalho: com pontuação de movimentos e dedilhados onde o vocal de Sarah parece mergulhar em nuvens gélidas preste a encontrar o épico voo solitário mas nao menos arrebatador. Ao contrário de algumas produções, o vocal não se coloca a frente da canção e sim dialoga em múltipla existencialidade com a instrumentação e isso é sentido logo na bela “Run Away”.

As influências para esse trabalho rendem oníricos momentos – daqueles onde olhar para as estrelas numa madrugada qualquer abriga um sentido intimamente perfeito – nesse sentido podemos ouvir construções melodicas de rara poesia como “Gypsy” com vocal lembrando grandes momentos de Cat power por exemplo. Aliás, as referencias não param por aí quando ouvimos as duas regravações, uma de “Ring Them Bells” de Bob Dylan e outra de “The Tourist”, faixa do clássico da Radiohead – Ok Computer – essa com solos de violinos saídos de outras galaxias com assitura do jovem Chris Thile e onde Sarah parece possuida pelas mais verdadeiras inspirações.

Follow Me Down mostra o vigor da moça em mostrar-se além dos velhos chavões dos refrões ou recriação de fórmulas consagradas, para alguns um “Folk contemporâneo” de alto nível para outros a certeza de um dos mais belos discos de 2011.

Para ouvidos entorpecidos por: Folks mágicos, Cat power, Bob Dylan, Radiohead, desvendar constelações, manhãs gloriosas, doces solidões.

 

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