25.10.11

Bjork - Biophilia (2011)

 

 

Bjork

 

Disco- Biophilia (2011)

 

Bjork ao longo dos anos se tornou sinônimo de uma pessoa inventiva, criatividade sempre confundida com maneirismos futurísticos que muitas das vezes afastaram novos fãs e pessoas que pouco olhavam para sua música mas sabiam tudo sobre seu “exótico” vestido na noite do óscar ou de suas “inventices” herméticas mas também pop. Com Homogenic (um dos melhores discos dos anos 90) sua música alcançou patamares gigantes e com Vespertine (2001) sua música encontrou o que parecia a perfeição cristalina que dava ares que jamais seria alcançada novamente, mas será que estamos errados?.

Biophilia (2011) Não é só um disco, é um projeto vanguarda da Slandesa, que inclui dez aplicativos para iPad e todo o aplicativo terá um game que envolve a idéia da música. além de criação de novos instrumentos, como um órgão controlado a partir de um equipamento MIDI, onde Bjork manuseia de um notebook. Bjork recrutou antigos parceiros, como Michel Gondry. tornando um disco uma experiência multimídia. Cada canção contém subtítulos e desafia o ouvinte por um universo orgânico, entrelaçando nossas percepções com a natureza, com nossa própria natureza, com a realidade quase imperceptível dos detalhes. Mas musicalmente Biophilia é acima de tudo um dos melhores discos da discografia da musa.

 "Moon” surge das imensidões com teclas sublimes de um canto poético que clama aos deuses “As the lukewarm hands of the gods, Came down and gently picked my adrenalin pearls” a voz da musa parece ter revigorado depois de anos, como um vinho que depois de séculos, foi aberto para um momento mágico. E sim, mágico em todos os níveis, Moon desliza por novos ouvidos com perfeição, como um canto que tatua suas marcas indecifráveis, uma pérola. “To risk all is the end all and the beginning all, To risk all is the end all and the beginning all”

Em “Thunderbolt” os vocais nos remete aos tempos do ousado Medulla (2004), Mas a base minimalista nos afunda “As lightning hits my spine, Sparkling, Prime runs through me” e Bjork parece descer atravessada como uma espinha por dentro de uma busca quase romântica por novos otimismos.

Pequenos sinos lúdicos em sua essência nos convida à reluzentes percursos, como se a paz desejada fosse possível na própria relação íntimas entre as coisas. No próprio fluxo do presente é possível esculpirmos – mesmo na rocha – mesmo em nebulosas inundações, o que é essencial para nós. os vocais mais uma vez se desdobram em pequenos delírios, onde movimentos sintéticos apenas servem como chão para “Crystalline” “We mimic the openness, Of the ones we love, Dovetail our generosity, Equalize the flow, With our hearts, We chisel quartz, To reach love”

A melodia da fastastica “Cosmogony” traz o ambiente necessário “Heaven, heaven's bodies, Whirl around me, Make me wonder. vocais brotam como flores indomáveis reluzentes e ensolaradas, por ande a melodia é erguida esculpindo uma das melhores interpretações de Bjork em anos. Outra obra de arte é “Vírus” pequenos cristais e um canto de Outono, onde a o dia aos poucos começa a adormece é base para uma Bjork impecável, A relação entre a natureza das coisas é descrita como paciência, como um vírus que ao mesmo tempo deseja destruir um corpo ele o ama, a relação entre esse amargo, doce, mortal amor tateia todas as relações humanas e todo o processo natural da vida.

“Solstício” traz o vocal de Bjork em serena interpretação, a letra busca a luz que há (para Bjork) em nossos corações e atraveis dessa radiação mutua em todos, mais uma vez uma paz lírica, amortecida em cada interior, sentimento esse refletido em outra bela pérola desse disco.

Biophilia é desde já um dos mais belos discos da carreira de uma artista que precisava sem dúvida, de tempo, espaço, para ter dimensão de onde queria e poderia ir, suas faixas refletem a volta a um estágio onde Bjork reencontra-se com sua arte, não que “Volta” o disco anterior tenha sido um disco ruim mas ali ela parecia perdida dentro de um universo de signos e movimentos que refletiam um desgaste. Biophilia é para ser ouvido e reouvido durante longos tempos e se perder na poesia, nas imagens, em orgânicos minimalismos, em tensas paisagens e sublimes galáxias sonoras, Bjork volta a forma e nos entrega sua música em estado genuinamente atemporal.

Para ouvidos entorpecidos por: Bjork, Sigur Rós, Homegenic, Vespertine, Medulla, cristais, constelações, galáxias, percepções a flor da pele, música de do fundo da alma.

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