14.9.11

Alice Coltrane - Huntington Ashram Monastery

 

Alice Coltrane

 

Disco: Huntington Ashram Monastery (1969)

 

Harpas despencam dos penhascos da melodia como se cachoeira fosse; inacreditável e indefinível como os mistérios da vida, Huntington Ashram Monastery é o portal de entrada para as dimensões que julgávamos impossíveis na música. Alice é como um antídoto que ao tomarmos, adentramos os mais profundos onirismos e vagamos encantados e surpreendidos pelas paisagens que tínhamos visto em sonhos dispersos ou lido nos delírios de algum poeta surrealista.

Um disco que vasculha a beleza exótica do free jazz; as raízes de percursos por crepusculares sensações de salto, sobrevoando os descampados, onde o bater das asas geram sons de harpas que preenchem cada segundo transbordando suas percepções da realidade múltipla; esse é o entrelaço sublime de “Turiya” segunda faixa desse petardo.

Se o baixo é o ponto de partida em “Paramahansa Lake” as harpas mais uma vez soltam suas pétalas pelos vasto chão das nossas mais extremas alucinações. Alice, como um poeta, escreve vastas poesias na pele da melodia, suas harpas desafiam as leis da física e chegam até as extremidades, onde o universo parece estar a cargo de nós, inventarmos.

Alice senta e coloca o piano em primeiro plano no monologo “I.H.S”. Ouvindo suas teclas tensas, harpas ainda ressoam em nosso inconsciente mas, assistimos ao afugentar de algum fantasma na mente insana e lúdica da musa. Sentimos com ela a beleza se desfazer em lágrimas; gestos se desmancharem na ausência de sentido, olhares que já não se reconhecem, intensos goles de veneno e chamas que insistem em não se apagar apesar de mortas; o piano de Alice Coltrane quer nos dizer algo que vem das mais profundas razões, só precisamos estar de espírito para mergulharmos num oceano absolutamente nosso.

Como acordar de um colossal sonho ou como estar dentro de algum quadro de Rene Magritte e voltar sem atordoamento e sim sabendo que fez um viagem espiritual; com doses de pesadelo e ácido, Alice nos entrega a cereja do bolo “Jaya Jaya Rama”. baixo;bateria inquietos, quebradiços se contrapõe a esquizofrênicas teclas de piano; onde a poesia desabafa e reencontra com o lado material das coisas, seu toque, sua percepções aguda, abraça a realidade cotidiana; vaga pelo nós da matéria e destila longos discursos mundanos, mas sabe-se e só nós sabemos; o quão longe estivemos; seduzidos e entorpecidos por mais essa obra de arte de Alice Coltrane.

 

Para ouvidos entorpecidos por: Universos paralelos; paisagens surrealistas; musica alucinógena, poetas malditos, anti-gravidade, Alice Coltrane.

 

Link>

 

Download

0 comentários: