22.6.11

Matéria/Primal Scream - Screamadelica (1991)

Por: Gaía Passarelli

No final dos anos 80 o rock teve uma proximidade com a música eletrônica que nunca mais se repetiu. Guitarras foram misturadas a batidas arrastadas de house no que veio a ser chamado, mais tarde, de acid-house. No meio disso tudo, mas não necessariamente batendo dentes em Manchester, um cara chamado Andrew Weatherall encontrou o Primal Scream de Bobby Gillespie pra botar em um disco o melhor dos dois mundos:

"Screamadelica" tem batidas eletrônicas indefiníveis, guitarras em profusão, vocais próximos do gospel e um gosto amargo de pastilha. A provável obra-prima do Primal Scream ajudou a definir a geração raver do começo dos 90, visitando The Orb e homenageando Lee Perry. É certamente a mais bem-sucedida mistura de eletrônica com rock que já passou pelo seu CD player.


O álbum, com 11 (ou 10, ou 12, dependendo da edição) faixas é uma sadia mistura de quase tudo que passou pelo cérebro de Gillespie, chacoalhado por Weatherall e é impressionantemente coeso. A seleção, que imita os altos e baixos de uma viagem de ecstasy, traz faixas muito bem encaixadas. Os pontos altos são momentos que conseguem prestar tributo aos Stones ("Movin' on Up") ou que flertam com a house americana ("Don't Fight it, Fell it"). Além, claro, de "Higher than the Sun", produzida por Alex Paterson (The Orb), que cai bem até hoje em qualquer fim de chill out, e dos hinos "Come Together" e "Loaded".


É um daqueles álbuns que trazem o melhor do seu tempo e soam bem em qualquer época - uma surpreendente e atemporal mistura de funk, soul, rock, house, gospel, acid jazz e mais qualquer coisa. Ou não, como brada o sample de "Come Togheter": All those are just labels, we know that music is music...

Por isso mesmo "Screamadelica" tem que estar na sua coleção. Ouça "Loaded" e "Higher than the Sun" no repeat e entenda.

 

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