22.3.11

Especial Radiohead – 2 anos de show no Brasil

O inesquecível show que estivemos 2 anos atrás.

Para comemorar o dia 22 de Março (aniversário do show do Radiohead em São Paulo) eu o Lucas (do blog Alienação Rock) preparamos um top de aberturas e finais de discos (dos oito discos da banda) e um top 10 das melhores guitarras da discografia.

Aberturas de discos sempre foi uma especialidade delicada e cara aos Radiohead (quem é fã sempre discute isso). Mas fazer um top do Radiohead sempre é difícil, então serve mais como diversão.

Por João Leno Lima

Aberturas.

8º – Planet Telex (The Bends, 1995)

Um teclado que lembra soturnos sons de vento ergue-se do âmago do silêncio e espatifa-se em camadas de violões e guitarras na tensa abertura de The Bends. Um clima perfeito para um dos discos mais sensível da banda, Thom canta que tudo está quebrado, todos estão quebrados, e somos submergidos na montagem dos cacos de um disco clássico.

7º – You (Pablo Honey, 1993)

Aqui se inicia uma das grandes discografias de uma banda de rock em todos os tempos. As guitarras intensas rasgam a melodia com a voracidade juvenil de um Jonny prodigioso, que começa a tomar forma de gênio, enquanto thom grita que está tudo pegando fogo, canção rara da banda.

6º – 15 Step ( In Rainbows, 2007)

A cada quinze passos vem o mais puto tropeço, versa Yorke em meio a guitarra jazz de Jonny e a bateria krautrock de Phil. A canção abre o já classudo IR, sua urgência desequilibrada torna uma das canções com um dos arranjos mais experimentais da discografia.

5º – Everyinthing Right Place ( Kid A, 2000)

O teclado em espiral cyborg suge dos meandros dos sonhos mais vertiginosos de Thom Yorke, com mágicos seqüenciadores, ouvimos um delírio urbano numa desolação fria, que imprega a inconsciência como seres alienígenas inclassificáveis,numa das grandes canções da década passada.

4º - 2+2= 5 (Hail To The Thief, 2003)

O mundo é 2+ 2=5. a volta dos cabeças de radio ao planeta é também a volta a uma sonoridade próxima do rock (sob a batuta do Radiohead) e nesse sentido, no plugar da Guitarra que transforma-se num redemoinho de dedilhados que devasta a melodia erguendo yorke até a estátua da liberdade e vomitando nela uma voraz poesia, clássico absoluto.

Bloom (The King Of limbs, 2011)

O free jazz transfigurado em krautrokces alienígenas com tons de paisagens verdejantes numa selva urbana (sim um delírio como no filme, 8 1/2 do Fellini) é a pele da soberba abertura do rei do membros. Yorke canta o florescer das folhas, da paisagens, ao mesmo tempo que canta de um sonho, enquanto Phil e Colin parecem possuídos por estranhas raízes entorpecentes, numa das canções mais poderosas da discografia.

2º – Airbag (Ok Computer, 1997)

Para salvar o universo basta sentir de novo. A monstruosa abertura de um dos maiores disco da criados, delimita o nível astronômico de delírio poético num estruturalismo que virou padrão das próximas gerações. Aqui o Radiohead executa uma das maiores viagens sonoras que o rock já foi testemunha, uma opera dentro do desencantando mundo que foi a década de 90.

1º – Packt Like Sardines In A Crushed Tin Box (Amnesiac, 2001)

A desconstrução iniciada em OKC torna-se visceral na irreconhecível abertura de Amnesiac. Um dos discos mais odiados por fãs, é uma afronta áspera, por vezes insuportável é o seu percurso, nos sentimos sufocados pela intensa base de efeitos, guitarras saídas de um colapso do inconsciente entrelaçando-se com a esquizofrênica voz de Thom, como um personagem saído do livro de Kafka, perdido, confuso, solitário em seu desespero, vendo a vida passar num piscar de olhos, o caleidoscópio sonoro dessa canção é uma das mais desestruturantes, desconcertantes e surpreendentes aberturas de uma banda de rock desde sempre.

 

Encerramentos.

8º – A Wolf the door ( Hail To The Thief, 2003)

Com uma verborrágica conclusão agonizantes, os Radiohead encerram lindamente o seu sexto disco. A sensação é de urgência, de clamor, desencanto frenta a realidade do planeta capitalizado e desespero contido. O lobo está à porta para levar nossas crianças, assim como fez com nós, espelho de uma sociedade em declínio, tudo na poética de Thom Yorke.

7º - Blow out (Pablo Honey, 1993)

A poesia final de Blow Out é enigmática, sensível mas também áspera com sutileza. As guitarras finais é um dos grandes momento de Jonny e Ed na discografia. Sua ambiência já apontava rumos que viriam a ser explorados ais a fundo depois. Uma canção à altura das belas canções da banda num disco sincero.

6º – Videotape (In Rainbows, 2007)

Memórias gravadas numa fita de vídeo e revistas tempos depois causam lágrimas sublimes e deixam oca quando a saudade arranha a alma. Essa poesia é cantada de forma vulnerável por Thom Yorke ao piano. Phil marca os compassos de um VHs mórbido, que aos poucos vai morrendo, enquanto adormecemos possuídos por formas diversas de nós mesmos.

Life glasshouse (Amnesiac, 2001)

Uma das canções mais intrigantes e herméticas da discografia encerra um disco soberbo e polemico. O piano tocado por Jonny Greenwood ressoa lentamente enquanto uma sinistra orquestra ensurdece um Thom raivoso, parecido saído de uma sessão de tortura psicológica e agora canta intensos devaneios anti capitalistas em forma de metáfora, vivemos numa casa de vidro, o mundo. Clássico.

The Tourist (Ok Computer, 1997)

Se a urgência de uma explosão cósmica revestida de uma renascimento existencial deu a torna na abertura do mitológico Ok Computer, The Tourist é o blues andrógino, cheio de sentimento e calmaria necessário para a reflexão sobre a nossa era. Yorke pede que vamos devagar, para podemos sentir as coisas em sua verdade, sem a efemeridade de um mundo banalizado de sensações sobrepostas. A canção, peça rara, vai se esculpindo, em êxtase, perfeita e intocável…atemporal.

3º – Street Spirit (The Bends, 1995)

A poesia ainda é capaz de nos consumir, nos levar até as extremidades. E essa poesia é uma das razões sonoras de turma de Thom Yorke & Cia. Essa canção é uma das mais belas já escritas, mergulhamos nossa alma nos instantes onde a razão de ser só é sentido com amor. Os dedilhados são pequenos afagos em nossos corações quebradiços, choramos o encontro com nós mesmo e com a vida. Clássico absoluto.

Separator (The King Of Limbs, 2011)

Viver um sonho bom é algo caro ao ser humano. A perda muitas das vezes é irreparável, sofuca e  machuca. O mundo há tempos deixou de ser um lugar de encanto que por ventura poderia se achar. A realidade é que estamos nos tornando cada vez mais nocivos com o outro, com nós mesmo, com o planeta. A arte desbota e encontra sentido que perde-se e acha-se em meio a rotina do dia. Nesse sentido, erguer um sonho dentro de uma canção e vive-la ali, intensamente, como se um último suspiro fosse é a tônica de Separator. Canção filha das canções mais sensíveis da discografia. Yorke quase que solfeja em tons úmidos, neblinas de sonhos saem de sua voz comedida até implorar que o acorde. Acorde da nossa realidade. É nesse sentido que separator torna-se um clássico imediato. quanto atestamos ali, sua dimensão, cara, sofrida, onírica, profundamente humana,  de viver aquilo que se perdeu como se realidade fosse, passando a ser dentro de uma poesia.

1º – Motion Picture Sundtrack (Kid A, 2000)

O desalento é sentido em seu grau mais intrínseco nessa peça que decola rumo as imensidões, aos desertos a…outra vida. Thom em transe, num grave lagrimejante, sussurra poucas palavras, se machuca nas pequenos confissões, desiste do encanto de ser. ilusórias harpas e uma orquestração invisível são as asas, de uma banda que nunca mais foi a mesma que muitos esperavam depois desse disco, mas foi a a partir daí, mais do que nunca, si mesma e por isso, histórica.

 

Feliz 22 de Março 2009.

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