Alice Coltrane
Disco: Journey in Satchidananda (1970)
A busca pela absoluta onipresença numa canção me faz pensar, que ela, é uma das formas de lisérgica humana mais visceralmente intrigante. Será que dentro das capsulas invisíveis de cada acorde existe um antídoto entorpecedor? que ao se misturar com nossos átomos, causa a entranha sensação de imersão?.
Talvez fosse essa a certeza de Alice Coltrane em Journey in Satchidananda. Sua harpa celestial nos cobre como um manto, do frio do mundo, e nos leva as imensas paisagens dos nossos próprios delírios em sub atos, que transformam o silêncio na mais pura tela/página de nossas percepções poéticas.
O que vamos desenhar ou escrever, depende de nós, mas Alice nos mostra que a vertiginosidade de uma música depende do grau de mergulho que queremos alcançar. Ela nos mostra uma galáxia, mas somos nós que passeamos solitários e vislumbrados pelos planetas, dentro de cometas, no útero de alguma constelação, sem gravidade é certo, sem medo.
Suas harpas, seus pianos, seus sax e trompetes são expressões da mais pura liberdade criativa, possuídas pelos deuses dos mundos exteriores, Alice atinge, supera, adentra os limites antes inimagináveis, torna-se sua própria canção, pele, alma, átomo, cérebro, pulsação, cada acorde extraterreno dessa obra de arte da psicodélica setentista, é uma sinal (para outras galáxias) com incomunicáveis sensações, no coração da terra, atemporalmente, a música ainda deve estar ressoando, pronta pra chocar até as mais antigas manifestações de outros universos.
Obra prima.
Para ouvidos entorpecidos por: Música indiana. Sun Ra, Swami Satchidananda
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