5.1.10

Microbunny - Dead Star

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De repente somos abduzidos para um mundo distante, cheio de ambientes claro escuros, soturnos, becos frios da nossa mente, espaços umidecidos de subconsciências, como se a viajem já tivesse começado, mas só agora estamos com a consciência disso e pior, não sabemos para onde estamos indo...

Formado por Al Okada e Tamara Williamson. O Mycrobunny, grupo canadense de downbeat. Lançou em 2002 seu primeiro álbum e logo em seguida lançaria um dos mais intrigantes discos da ambiência eletrônica, também chamado na década de 90 de Trip Hop. O texturizado e cosmicamente genial Dead Stars (2004).

Disco que tem a personalidade dos grandes álbuns. É orgânico dentro da inogarnicidade eletrônica. Há texturas jazzistas que se misturam a batida breakbets, doses de blues Spaces, cordas se entrelaçando com metais, violinos e trompetes sendo entrecortados por um vocal cosmicamente esquizofrênico. Batidas etéras sobrevoam a melodia enquanto trompetes distantes passeim pela extremidade de "HONEYTONE" o vocal de Tamara adentra o tempo e espaço sendo conduzido por ásperas texturas de pianos gélidos e beckvocais caindo em abismos próximos de nós. Em "Gamma Hydra IV" sintetizadores alucinados misturam-se a intensa bateria e logo ouvimos ensurdecedoramente metais rasgando a melodia, órgãos engolindo o vocal de Tamara que flutua acima de todo o caos sonoro enquanto somos soterrados por fragmentos jazzy transformados em angustiantes ambientes perturbadores. "Grey Stars" é um pequeno instrumental que surge em freqüências paralelas, beats que uivam soprando-nos para sermos conduzidos a outras galerias do nosso cérebro. Enquanto a instrumentalização minimalista de "Henoch" surge como uma forte e curta tempestade sintética e nos arremessa em "Wishing" . Um piano melancolicamente crepuscular joga nosso ouvidos no espaço intermediário entre a consciência e o tênuo descompasso existencial. O vocal disperso estende seus braços para alcançar nossa inalcansabilidade e tudo se acalma em entorpecimentos mútuos. O piano paráfraseia nossos lamentos cheio de universos paralelos e vocais e pratos explodem contra a parede da melodia nos levando a "Binbo Furi", mais uma instrumental onde batidas constantes se entrelaçam com sintetizadores fugitivos e um piano ao longe vai sendo coberto pelos nevoeiros cheios de uivos de "Season Of Change". Estamos alucinados, sons de águas metálicas e ecos repletos de cristais e um vocal entregue a seu espaço interior abocanha partículas de pianos e metais, criando pequenas colunas que sustentam o texturizado corredor dos nossos sentidos cheios de cavidades de sonhos espaciais... mas, definhanhos prematuramente e assim vem nascendo a instrumental alienígena "Silver Stars".Notas de pianos abrem as portas e fortes gritos roucamente inoxidados ensurdecem os quatro cantos para então "Blue Stars" surgir das cinzas gravitacionais da melodia. Trêmulos espaços são preenchidos por uma ambiente grave conduzindo pelo baixo passionalmente vulcânico. O vocal de Tamara vai adentrando todos os pedaços,trompetes e sintetizadores se misturam como uma falsa calma que vai se esculpindo em desequilibrada fuga desesperadoramente sentida na vocalização final, a canção vai desaparecendo aos poucos para surgi num horizonte vertiginoso a instrumental"Eminiar VII". Ecos mistura-se a scratchs e todos abraçados por alucinantes ruídos andróginos para então "The Drifter" arrasta-nos para alem dos espaços físicos. Somos levados para fronteiras entropofagicamente ciborgs, onde uivos são ouvidos à quilômetros como se estuvesses presos em cápsulas acústicas onde gritamos desenfreiadamente sem ser ouvidos, a Insuportabilidade do silêncio nos agredindo em telas que capturam nossos gritos e o arremessa no abismo do esquecimento irreparável. Certo equilibrio restaura-se em "Rose-Coloured Glasses" mas já estamos rendidos, o vocal de Tamara para nos fazer lembrar de nos mesmos, a bateria inicial que puxa a melodia serve como um despetar da sonífera vertigem absoluta, a textura beat racha as câmaras densamente etéras da melodia, soluços de trompetes se transformam em braços nos conduzindo a completa transcendência e pianos deságuam nos deixando sozinhos por alguns segundos e assim a faixa título vai se esculpindo e começamos a ouvir "Dead Star" entre ecos de madrugada que descem pelos campos dos nossos sussurros faíscas imaginarias brotando de todos os lugares, a bateria surge grave e algo começa a tremer com esparsos ruídos estilhaçados que nevam sobre nossas cabeças e esperamos para sermos embebedados pelo caótico universo de nós, o vocal sublime, como se pouco se importasse agora, definha para cima, conversa consigo mesmo, num monólogo feito de universos paralelos completos. Novamente tudo se espalha, batidas entubadas chocam-se em pura esquizofrênia eletrônica, pianos despencam em notas quilometricas, o vocal desaparece surgindo abismais ventos despersonalizados, como uma abdução de sentidos e quando parecia que tudo definharia nessa tempestade um piano faz renascer no ambiente a calma noturna das estrelas. A bateria volta a circular pela melodia, já se ouve pequenos sussurros do vocal timidamente crescendo pelos segundos mas são logo transformados em matemáticos gemidos que mais uma vez são sobrepostos por um tempestuoso som inominável que brota do silêncio e toma conta de todos os espaços. Trompetes se espalham por meio de pianos e a tempestade soterra todas as saídas, somos transportados finalmente para desertos e oceanos, galáxias e vulcões, florestas derradeiras e planetas desabitados e lentamente improváveis dedilhados de violões se infiltram para o derradeiro recomeço para terminar num expiral de conversas paralelas e raios de luz saindo de nossas cabeças desarticuladas rumo ao infinito espaço interminável.
Ainda temos tempo de ouvir"Season of Change" retornando numa espécie de remix acústico com violão e melodia minimalista e com um vocal masculino e soturnamente belo e adormecemos de onde ainda nem acordamos. e Dead Star encerra-se com diálogos ao fundo de crianças brincando, estranhos ruídos metálicos e arranhões de portas embutidas sendo abertas e estamos de volta, cuspidos ou deixados com nós mesmo, mas, quem somos e onde estivemos? E pra onde vamos depois de visitar as galáxias mais distantes?



Para ouvidos entorpecidos por: Judith Juillerat, Bjork, Spylab
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