Actress
Álbum: RIP (2012)
Ao bebermos o líquido metálico – como uma transfusão virtual e íntima – adentramos num oceano de sensações que estão muito além da robótica, nos transformamos em máquinas sensitivas, peixes geométricos, paisagens simétricas com pulsações rígidas e milimétricas. Através desse universo – paralelo – conhecemos os caminhos percorridos pela excelência suprema dos ingleses do Actress – um dos maiores achados sonoros dos últimos anos -que veio para confirmar com RIP que de certo, viver em nosso mundo é apenas uma opção gentil e complexamente mágica para Darren Cunningham.
Dúbias camadas se entrelaçam sem nó, apenas com a metafísica do abraço no ar, o oxigênio que respiramos, mesmo que enfumaçado, reflete substancias de cores jamais pensadas, máquinas e seres convivem no mesmo multi espaço, a física quântica de RIP é digna de um estudo que duraria décadas e esse parece ser o tempo quase que ideal, para percorrer todos os sub becos e decifrar todas as senhas irreais que se transvertem conforme vamos sentido a passagem do tempo.
Se “Ascending” leva-nos à pistas onde a gravidade parece apenas um software obsoleto, “Holy Water” é o líquido que onde nossa matéria desprende-se rumo à fusões necessárias e indefiníveis. “Marble Plexus” começa readaptando nosso cérebro à múltiplas realidades onde pequenas teclas sintetizadas dão a incolor sensação de descobertas incompreensíveis. “Jardin” é o passeio calmo de um fim de tarde, as flores inoxidadas remetem à lembranças jamais removidas porém, temporais em sua sensações, frias em seu toque e sofríveis num então embraquecimento.
“Serpent” faz o retorno à física, duplas camadas gemem pontiagudas reiterações gotejantes. “Raven” e “Glint” são mantras emitidos por freqüências que procuramos em meio à neblinas calmas, sem medo de precipícios momentâneos. RIP vai desaguando em seus pensamentos líquidos pelos túneis de volta a nossa realidade. Deixe “IWAAD” fazer todo o processo de reintegração, não espante-se se pegadas pastosamente cinzas forem vistas ao redor do chão, a certeza que estivemos numa ultra dimensão, irreparavelmente se concretizará.
RIP é o circuito onde o (já) mestre Darren Cunningham vai nos conduzindo por um universo onde os detalhes dependem do nível de entorpecimento que consegues chegar, a fascinação está no limiar de uma porta jamais adentrada. Um mergulho, um salto, um transbordamento na arrebentação da alma nos litorais irreconhecíveis.
Um dos melhores discos do ano certamente.
Para ouvidos entorpecidos por: Máquinas futurísticas, Cyborgs, softwares, Techno cabeçudo, portais irreais, ácidos, arte em instalações.
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